domingo, 9 de abril de 2006

A soluçom nom é olhar para outro lado


Igor Lugris é membro da Direcçom Nacional de NÓS-UP

Nas comarcas galegas da faixa oriental, o Berzo e a Cabreira, oficialmente em território da província de Leom, a Seabra também oficialmente na província de Samora (ambas as duas províncias da Comunidade Autónoma de Castela e Leom), e no Eu-Návia (nas Astúrias), estamos a sofrer as conseqüências da falta de decisom, valentia e coragem por parte do conjunto do nacionalismo galego (incluído o independentismo) nos últimos, como minimo, 30 anos.


Se bem praticamente todas as organizaçons do nacionalismo no período assinalado (e algumhas mesmo desde antes, como é o caso do periódico galego A Fouce, editado na Argentina pola Sociedade Nacionalista Pondal), recolhiam ou recolhem umha defesa, mais ou memos morna, mais ou menos decidida, segundo os casos, da galeguidade destas terras, ou de algumha delas, o certo é que desde o ano 1975 até a actualidade nom tem havido umha acçom política real nesse sentido.


Como resultado dessa inaniçom, hoje em dia as comarcas orientais, aquele território que historicamente deu em ser chamado a Galiza irredenta, conhece um forte e acelerado processo de perda de identidade lingüística, cultural e política, ao tempo que avança sem praticamente achar resistência umha identidade espanhola que pretende negar qualquer possibilidade de que estas comarcas conheçam e/ou recuperem a sua memória, a sua história e a sua identidade. Este processo, vive-se dumha maneira muito mais virulenta no território do Eu-Návia, onde os sectores mais reaccionários e antigalegos do nacionalismo e da esquerda nacionalista asturiana, gasta mais esforços em combater a galeguidade daquelas terras do que o próprio espanholismo que tenhem dentro do seu território.


Hoje em dia, tam só NÓS-Unidade Popular mantém umha estrutura, fraca, mais real, em algumha destas comarcas, visando construir também no Berzo, tal como no conjunto da naçom, a esquerda independentista que Galiza e o seu povo trabalhador precisam. Mas o trabalho político da esquerda independentista no Berzo desenvolve-se numha situaçom muito distinta à existente dentro da Comunidade Autónoma Galega.


Em primeiro lugar, porque os sectores políticos, sociais, sindicais, juvenis, com os que NÓS-UP mantém relaçons ou colabora, nom existem no Berzo. Nom existe nengumha organizaçom (plataforma, grupo político, organizaçom social, sindical, juvenil, etc.), que seja quem de dar forma e de acumular forças no caminho de converter o Berzo numha comarca com capacidade para se autogovernar e decidir livremente o seu futuro dumha óptica de esquerdas.


Assumir realmente a questom berziana (e o mesmo pode ser dito das demais comarcas arraianas), supom denunciar e rejeitar a actual divisom político-administrativa emanada da Restauraçom Borbónica, e abrir o que para os grandes partidos de obediência espanhola é a Caixa de Pandora da reorganizaçom territorial. Nengumhas das organizaçons de obediência estatal, sejam partidos, sindicatos ou organizaçons juvenis, vam poder avançar nesse sentido.


É dos sectores progressistas, de esquerda, alternativos e revolucionários de onde tem de vir a resposta. E aí deve estar presente a esquerda independentista galega, dinamizando estruturas que possibilitem a confluência desses sectores, trabalhando com eles, criando espaços comuns.


E para isso nom pode aplicar-se a mesma recita que o nacionalismo e o independentismo galego vem aplicando nas últimas décadas: resolver o problema da Galiza irredenta a olhar para outro lado.

(Este artigo foi publicado originalmente no número 35 (correspondente ao primeiro trimestre de 2005) do Abrente, vozeiro de Primeira Linha.